Reforma ministerial: solução ou novos problemas? - Política - Hold Assessoria

Reforma ministerial: solução ou novos problemas?

Passada a definição dos novos comandos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, as atenções do mundo político se voltam para a anunciada reforma ministerial. O governo Lula (PT), como se sabe, enfrenta problemas com seus aliados e avalia que mudanças no primeiro escalão poderão melhorar o quadro. Aposta correta?

Aos nomes e hipóteses. Uma peça central nesse xadrez é o atual ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que deverá ser deslocado de seu posto. Espécie de coringa do governo, ele poderá ser indicado para a Secretaria-Geral da presidência, dado que o atual titular, Márcio Macedo, deverá ser afastado. No entanto, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, está praticamente garantida no posto.

Assim, Padilha poderá ser o novo comandante da Saúde, no lugar de Nísia Trindade, cuja gestão é considerada insatisfatória. No entanto, o nome de Arthur Chioro, técnico ligado ao PT e ex-ministro na gestão Dilma Rousseff ganha força nas bolsas apostas. Padilha, no limite, poderá retornar à Câmara, e assumir posição de destaque na bancada do partido.

Outras questões estão postas à mesa. Os ministros da Justiça, Ricardo Lewandowski, e da Defesa, José Múcio, que a princípio sinalizaram o desejo de deixar as pastas, recuaram e querem manter suas cadeiras. Duas vagas à menos nesse mercado.

Aqui, entram em cena os ex-presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD/MG). Com legítimas pretensões políticas para 2026, eles poderão ser indicados para dois ministérios estratégicos e, assim, continuar na vitrine.

Lira iria para a pasta da Agricultura, mas isso pode gerar conflitos com o já insatisfeito Gilberto Kassab, que avalia que seu PSD está subrepresentado. Já Pacheco, antes cotado para a Justiça, ocuparia o ministério do Desenvolvimento, hoje nas mãos do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. Outro problema a ser superado, dado que o PSB dificilmente aceitaria perder mais espaço sem uma contrapartida clara.

Outros postos estão em disputa e o processo ora em curso explicita as dificuldades de se manter uma coalizão do tamanho da que levou Lula à vitória contra Jair Bolsonaro (PL) em 2022. Difícil conciliar interesses tão distintos.

O Centrão avança, o PT não deseja perder espaço, aliados tradicionais reclamam. Ao presidente da República cabe ter a sensibilidade política para fazer a leitura correta da conjuntura. Afinal, uma reforma ministerial, bem conduzida, pode azeitar a máquina do governo. Do contrário, a situação pode ficar ainda pior.

André Pereira César

Cientista Político

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