Primeiros 100 dias do governo Lula: a quinta semana - Política - Hold Assessoria

Primeiros 100 dias do governo Lula: a quinta semana

A quinta semana do novo governo deixou mais claros o estilo da administração e o tamanho dos desafios. Problemas de elevada gravidade se acumulam e focos de crise aqui e ali precisam ser controlados.

Lula e o Banco Central - o presidente Lula (PT) segue criticando o Banco Central e a taxa de juros. Em entrevista a uma emissora de televisão, ele colocou em xeque a autonomia da instituição e deixou em aberto a possibilidade de revisão do atual modelo. Mais pressão sobre o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e mais incômodo no mercado.

Câmara dos Deputados e Senado Federal - confirmando as expectativas, o deputado Arthur Lira (PP/AL) e o senador Rodrigo Pacheco (PSD/MG) foram reconduzidos aos comandos das duas Casas Legislativas. Foi uma vitória para o governo, em especial com Pacheco, que enfrentou o ex-ministro Rogério Marinho (PL/RN), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A disputa agora será pelo comando das Comissões de ambas as Casas. A batalha entre governo e oposição tende a se intensificar.

Reforma tributária e novo arcabouço fiscal - definidas as Mesas Diretoras do Congresso Nacional, o governo volta suas atenções para as negociações em torno da reforma tributária e do novo arcabouço fiscal. Apesar do otimismo do Planalto, não será fácil aprovar as propostas. No caso da reforma tributária, há poucos pontos de consenso. As PECs 45/2019 (Baleia Rossi) e 7/2020 (Luis Philippe de Orleans e Bragança) na Câmara dos Deputados e as PECs 110 /2019 (Davi Alcolumbre) e 46/2022 (Oriovisto Guimarães) no Senado Federal, deverão ser analisadas ainda nesse primeiro semestre. O governo aposta apenas nas PECs 45 e 110, mas a pressão de diversos outros setores pelas PECs 7 e 46, deverá tumultuar o processo. Longa batalha à vista.

Olaf Scholz e Fundo Amazônia - em visita a Brasília, o chanceler alemão confirmou a retomada do Fundo Amazônia e sinalizou com o reforço das relações bilaterais com o Brasil. Meio ambiente e defesa da democracia deram o tom das conversas.

Crise yanomami - a tragédia humanitária do povo yanomami, em Roraima, é uma realidade inegável, apesar dos bolsonaristas afirmarem que tudo não passa de Fake News. Fome e desnutrição, doenças de todo tipo, morte em massa de crianças e mulheres, a situação é desesperadora. Resta saber quem são os responsáveis pela situação para punir com rigor. Genocídio em pleno século XXI. Imagens de garimpeiros fugindo das áreas indígenas correram o mundo.

Preços dos combustíveis - após três semanas em queda, os preços dos combustíveis voltaram a subir, passando dos cinco reais e chegando a incríveis R$ 9,80 o litro da gasolina em alguns locais. Isso gera uma fonte extra de pressão sobre o governo e aumenta a insatisfação da população. Quem está no poder, agora vira vidraça. Lula e seu staff têm muito trabalho à frente.

Considerações finais – apesar das inúmeras declarações dos ministros Haddad da Fazenda, Alckmin do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Tebet do Planejamento, do respeito ao teto de gastos e de responsabilidade fiscal, o mercado ainda vê sinais ambíguos emitidos pelo governo. A falta de clareza, aos olhos do mercado, sobre os rumos da economia, aumenta a cautela dos investidores, travando projetos. O sentimento de urgência segue no ar.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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