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Estado atual da política e da economia

Nessa terça-feira, 17 de setembro, tem início mais uma reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). Em meio a notícias relativamente boas para a economia, como o crescimento do PIB acima do esperado, a expectativa do mercado é de alta de 0,25 ponto na taxa Selic. Afinal, para onde vão a política e a economia?

Em primeiro lugar, é necessário ressaltar que, apesar do crescimento de 1,4% do PIB no segundo trimestre, economistas de diferentes correntes têm alertado para os riscos que o país corre no médio prazo. Segundo esses analistas, essa alta pode ser passageira e as chances de desaceleração nos próximos meses são reais.

Aos fatos. O aumento das despesas públicas, com destaque para o impulso fiscal e o desembolso de precatórios, teria sido o principal motor do crescimento. As despesas do governo federal subiram 7,8% no primeiro semestre, contribuindo diretamente para a elevação do consumo. Esse impulso pode não ser sustentável e levar a uma desaceleração econômica no segundo semestre. Um novo “voo de galinha”?

Avançando na análise, já se projeta para 2024 um PIB cerca de 3% maior, muito em função da forte alta do segundo trimestre, mas para o próximo ano esse índice seria inferior a 2%. Inflação em alta, os velhos desafios fiscais e os juros elevados contribuem, em tese, para esse cenário.

Aqui entra a avaliação do governo Lula (PT), em especial no que diz respeito à condução da política econômica. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), apesar do apoio de setores do mercado, em especial do setor financeiro, sempre é visto com desconfiança, apesar da melhora de quase todos os índices econômicos. A própria imprensa manifesta certa má vontade com as ações governistas e isso se reflete na opinião pública. Mais ainda, o ambiente de polarização ajuda a alimentar as críticas.

É evidente que o atual governo tem sérios problemas, como o sempre presente intervencionismo - caso da mudança no comando da Vale, por exemplo - e o estranhamento entre ministérios e agências reguladoras, como mostrou o recente imbróglio entre o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD) e a Aneel. Mas também são inegáveis os avanços registrados, como o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária.

“É a economia, estúpido”, como disse James Carville, assessor do então candidato à presidência Bill Clinton. Os humores econômicos afetam diretamente a política. De Pedro Malan a Haddad, passando por Henrique Meirelles, entre outros, os ministros da Fazenda sofrem permanente pressão. Não seria diferente em um governo de centro-esquerda como o atual.

André Pereira César

Cientista Político

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