Alta dos alimentos no cotidiano do brasileiro - Economia - Hold Assessoria

Alta dos alimentos no cotidiano do brasileiro

Pesquisa DataFolha realizada nos primeiros dias do mês e divulgada nessa segunda-feira, 14 de abril, coloca em números aquilo que já era percebido - a chamada “inflação dos alimentos” mudou os hábitos de consumo da população, em especial em supermercados e feiras, mas não só.

Aos dados. De acordo com o levantamento, nada menos que 58% dos brasileiros reduziram a quantidade de alimentos que costumam comprar. Esse índice sobe a 67% entre a população de baixa renda, que recebe até dois salários mínimos. Um dado assustador, já que falamos de artigos básicos para todos.

Ainda tem mais. Comer fora de casa foi reduzido para 61% dos entrevistados, e aqui segue um detalhe interessante - no topo da pirâmide, entre aqueles que recebem mais de dez salários mínimos, esse índice atingiu expressivos 55%. Algo a ser observado e monitorado.

Hoje, por acaso, celebra-se o “Dia do Café”, um símbolo de nossa cultura. A pesquisa mostra que nem o líquido preto escapou. Segundo o DataFolha, 50% da população trocou a marca de costume da bebida por uma mais em conta, enquanto 49% simplesmente reduziu o consumo. Ruim para todos, produtores, revendedores e consumidores em geral.

Indo além, a inflação de alimentos obrigou ao brasileiro adotar outras medidas para controlar os gastos e segurar o orçamento doméstico. A redução no consumo de água, luz e gás foi colocada em prática por 50% da população, enquanto 47% buscou outra fonte de renda - a uberização cada vez mais colocada em prática, no limite.

As más notícias chegam ao Planalto. Para 54%, o governo Lula (PT) tem muita responsabilidade pela alta de preço dos alimentos, e 29% avaliam como “um pouco” responsável. Valores acima das guerras e da crise climática, que indicam um humor contrário da população com relação à atual administração.

De fato, trata-se de questão delicada para o Planalto, que busca soluções para o problema mas tem escorregado no terreno. Pior, a agenda governista não se resume à inflação dos alimentos, mas não se pode perder o foco na questão. Muito pelo contrário.

Enfim, há um nó a ser desatado no quesito “preço da comida”, mas as respostas ainda são insuficientes - e a boa comunicação com a sociedade, embora importante, representa apenas um paliativo. O pleito de 2026 está chegando e o bolso do cidadão fala cada vez mais alto.

André Pereira César

Cientista Político

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